A Consulta de Endocrinologia Pediátrica foi constituída para acompanhar as crianças e adolescentes nas disfunções do sistema endócrino, nomeadamente obesidade e diabetes pediátricas ou juvenis, alterações do crescimento e da puberdade, disfunções da tiróide ou outros distúrbios hormonais da infância e adolescência.
Os distúrbios endócrino-metabólicos pediátricos são disfunções hormonais que se instalam desde o período neonatal até o final da adolescência. Estas alterações hormonais têm repercussões sobre o crescimento, o desenvolvimento e o metabolismo de um organismo em fase de maturação, devendo, por isso, serem considerados os aspectos peculiares de cada fase do desenvolvimento.
No período neonatal, as disfunções mais frequentes são as da diferenciação genital; hipoglicemias; hiperglicemia; hipotiroidismos congénitos e hiperplasia adrenal congénita. Nas crianças mais pequenas predominam os quadros de crescimento deficiente e os hipotiroidismos adquiridos.
Classicamente, o início da puberdade deve ocorrer entre os 8 e 13 anos nas meninas, e no período que vai dos 9 aos 14 anos nos meninos. Puberdades que se iniciem em meninas menores de 6 anos ou em meninos menores do que 7 ou 8 anos, são consideradas muito precoces, requerendo investigação e a maior parte das vezes tratamento. Na idade compreendida entre os 6 e 8 anos (meninas) e os 7 e 9 anos (meninos), considera-se um período limítrofe, no qual a avaliação clínica do ritmo de desenvolvimento puberal irá definir a necessidade de investigação laboratorial ou eventual tratamento.
Durante a adolescência, as queixas mais frequentes estão relacionadas com a ausência do desenvolvimento puberal e genital, as disfunções da tiróide auto-imunes, a Diabetes Tipos 1 e 2 e a obesidade.
Embora não seja uma regra sem exceções, grande parte das crianças e adolescentes obesos também terão obesidade na idade adulta. Isto porque, além de carregarem os determinantes genéticos, tendem a manter os erros nutricionais e socioculturais que desencadeiam e agravam os mecanismos geradores do ganho excessivo de peso. Portanto, embora o tratamento medicamentoso não seja necessário durante essa fase, todas as medidas educacionais são essenciais para a prevenção da evolução do quadro de obesidade.
Em Pediatria distinguem-se dois grandes grupos: a obesidade de causa orgânica, endógena ou primária (1 % dos casos) e a obesidade de origem nutricional, simples ou secundária (99 % dos casos). A obesidade relacionada com patologia endócrina acompanha-se muitas vezes de estatura baixa, ou, numa fase inicial, de diminuição da velocidade de crescimento. Estes dados clínicos permitem fazer a distinção com a obesidade exógena, em que se observa habitualmente uma aceleração da velocidade de crescimento.
Deve ser dada especial atenção às crianças e adolescentes com história familiar de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias, já que a obesidade nestas fases pode ser uma primeira manifestação clínica da resistência à insulina, envolvida na génese da Síndrome Metabólica.
A Diabetes tipo 1 é a mais frequente em crianças e adolescentes e é chamada de insulino dependente, porque desde que é diagnosticada, torna-se indispensável o tratamento com insulina. Neste tipo de Diabetes, as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina são destruídas por um processo denominado “auto-imunidade”. Este processo conduz, eventualmente, a uma perda total da produção de insulina.
A Diabetes Tipo 2 é também conhecida como a Diabetes do adulto, uma vez que se manifesta, geralmente, após os 35 anos. Contudo, hoje em dia, existe um aumento alarmante da Diabetes Tipo 2 nos jovens. Neste tipo de Diabetes, a capacidade de produção de insulina não desaparece totalmente, no entanto, o organismo torna-se cada vez mais resistente à sua ação, sendo, por isso, necessários medicamentos orais para se atingir um equilíbrio. A dieta e a redução de peso são muito importantes no tratamento da Diabetes tipo 2.
A consulta especializada de Endocrinologia Pediátrica recebe apoio de outras especialidades médicas ou profissionais de saúde, nomeadamente cirurgiões pediátricos, neuropediatras, nefrologistas pediátricos, psicólogos, neuropsicólogos ou nutricionistas vocacionados para o atendimento infantil e juvenil.
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